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Mesmo com comércio pouco dinâmico exportações baianas crescem 8,3% em março

Embora contaminadas pela retração dos mercados mundiais ao avanço da pandemia do coronavírus, as exportações baianas avançaram 8,3% em março comparado a igual mês do ano passado, atingindo, porém um valor modesto, resultado de um comércio pouco dinâmico, de US$ 568,8 milhões. Os volumes embarcados de soja, celulose e derivados de petróleo, resistiram às turbulências e registraram crescimento de 32,8%, 39,3% e 20,9% respectivamente, garantindo o desempenho positivo no mês, na medida em que as cotações recuaram, embora para o exportador, tenha sido amplamente compensadas pela valorização do dólar em relação ao real.

As importações, entretanto, foram duramente atingidas, alcançando US$ 444,9 milhões, com queda de 34,6% e que atingiu de forma generalizada todas as categorias de uso. O recuo reflete não somente a desvalorização cambial como também o impacto inicial da covid-19 na demanda doméstica e os efeitos da pandemia no fluxo logístico e de abastecimento, principalmente de bens “made in China”, terceiro maior fornecedor de produtos ao estado. As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan).

As exportações de produtos baianos tiveram um resultado em março melhor que o esperado em termos de volume – aumento de 26,6%  -  já que em sua maioria, as commodities possuem menos elasticidade em relação à demanda mundial. Em contrapartida houve, e com tendência a se intensificar, impacto negativo nos preços, que se desvalorizaram em média 14,5%, maior declínio mensal desde novembro de 2019.

No trimestre, as exportações baianas alcançaram US$ 1,8 bilhão, o que representa um aumento de 1,6% ante o primeiro trimestre do ano passado. O quantum teve aumento de 21,1%, mas os preços médios acusam redução de 16,1%, sempre comparados a igual período do ano anterior. As maiores desvalorizações ocorreram nos setores de papel e celulose (-23,5%), petroquímicos (-15,1%), metalúrgicos (-43%) e minerais (-25,7%), por ordem de importância na pauta.

Quem puxa o desempenho positivo no trimestre são os derivados de petróleo com crescimento de 123% nas receitas que chegaram a US$ 417,3 milhões, fruto do aumento do volume embarcado em 82,5%, mas principalmente dos preços, que ainda acusaram elevação de 22,5% frente ao primeiro trimestre do ano passado.  Os efeitos da epidemia não são imediatos, principalmente para os contratos de venda de petróleo e seus derivados, além de ser heterogêneo entre os setores. O mergulho dos preços futuros do produto ocorridas em março, cujas cotações voltaram ao que era há 20 anos, deve retirar as perspectivas de desempenho positivo desse importante setor da pauta baiana ser mantido já nos próximos meses.

As exportações de celulose se recuperaram ante o aumento na demanda pela matéria-prima, que é usada na fabricação de papéis para fins sanitários e embalagens, entre outros produtos, na esteira da disseminação da covid19. O crescimento das vendas no trimestre foi de 8%, atingindo US$ 281,9 milhões, enquanto que o volume embarcado cresceu 41,3%, também influenciado por paradas para manutenção das fábricas ocorridas no mesmo período em 2019.

Dentre as commodities agrícolas, a soja e derivados teve bom desempenho em março – crescimento de 33% - após o atraso no plantio, que reduziu a oferta para embarques até fevereiro. Assim, no trimestre, as vendas que alcançaram US$ 120 milhões, ainda acusam queda de 41% ante o primeiro trimestre do ano passado, mas que deve ser revertida com o esperado aumento da safra e da certeza de que não há espaço para baixas expressivas de preços de produtos básicos para a alimentação - mesmo num cenário de impressionante erosão das atividades econômicas em todo o mundo, corroborado pelos dos sinais de retomada das compras chinesas do produto.

Já o algodão teve melhor desempenho no trimestre, com crescimento que chegou a 60,1% e receita de US$ 146,8 milhões. Diante das incertezas nos negócios, os exportadores do produto fecharam com antecedência, no início de março, as vendas das produções desta safra 2019/20 e da próxima, em meio à valorização do dólar em relação ao real. De todo modo, a crise tende a prejudicar mais a demanda por o algodão do que por soja, usada para a alimentação humana e animal. Além disso, a queda dos preços do petróleo é outro fator baixista para a pluma, porque deixa as fibras sintéticas mais competitivas em tempos de recessão - embora reduza custos de transporte e de insumos.

Dentre os manufaturados, o setor químico/petroquímico registra redução de 33,2% no trimestre, com faturamento de US$ 216 milhões. A indústria química baiana deu importantes sinais de recuperação em janeiro, com o salto de 48,6% nas vendas e melhoria da utilização da capacidade instalada. Contudo, o avanço global da Covid-19 e o colapso dos preços do petróleo tornaram o momento incerto, o que já reduziu os embarques em 27% no trimestre. As empresas exportadoras do setor que normalmente são desfavorecidos pela falta de competitividade do produto nacional em relação aos de origem no exterior, tiveram ainda no período problemas de fornecimento de insumos produzidos na China, dos efeitos da doença na atividade econômica e da recente desvalorização do petróleo, que adicionou novas incertezas.

Apesar de a epidemia ter começado na China e de ela ter sido a primeira a desacelerar fortemente para combater o coronavírus já em fevereiro, isolando 60 milhões de pessoas e restringindo o comércio interno, as exportações baianas para lá aumentaram 59,2%  em março e 30,1% para a Ásia, mantendo a liderança por países ou blocos comerciais. No trimestre, o destaque é Cingapura, outro país do continente asiático, que elevou suas compras de óleo combustível através da Petrobrás em 420%.  As vendas externas também cresceram no trimestre para os EUA em 12,8% (máquinas e ap. para indústria eólica, químicos, pneus, celulose e derivados de cacau). De resto, caem em quase todos os demais parceiros importantes. Para a UE (-29%) e para a Argentina, tradicional cliente de nossas manufaturas (principalmente automóveis, que registraram queda de 38,4% no trimestre), reduziu suas compras em 25,7%. O país que não tinha nenhuma perspectiva de crescimento antes da pandemia, agora, tem menos ainda.

 

IMPORTAÇÕES

Sem indício de que a recuperação da economia venha ressurgir, por conta da pandemia, as importações tiveram queda expressiva em março de 34,6%, alcançando US$ 444,9 milhões, com redução expressiva em todas as categorias, principalmente combustíveis (-62,5%) e bens intermediários (insumos e matéria prima para a indústria), que chegou a -27,4%. 

Os preços médios situaram-se apenas 1% inferiores aos praticados em março do ano passado, enquanto que o quantum recuou 34%.

A depreciação cambial continua atuando para a queda das importações, e pelo menos até março, não se vislumbra efeito da esperada retomada da atividade doméstica, já duvidosa antes mesmo do agravamento da epidemia.

No primeiro trimestre, as importações baianas acumulam US$ 1,31 bilhão, 30% inferior ao mesmo período de 2019. O volume (quantum) recuou 25,4%, enquanto os preços médios tiveram queda de 6,3%.

A redução das importações no trimestre é um indício da piora do cenário doméstico, com a paralisação de diversas atividades principalmente durante o mês de março. A contínua desvalorização do real começa a afetar mais claramente as compras externas, tendência que deve persistir nos próximos meses, com as importações sendo restringidas por estes dois fatores: queda da atividade interna e real excessivamente fraco. Além do efeito câmbio, a retração nas importações no período ainda se deve aos feitos da doença na China, que interrompeu o fluxo logístico, principalmente de insumos básicos e bens de consumo, que tem no país um dos principais fornecedores ao estado.

Os efeitos da doença na demanda doméstica deverão se refletir ainda de forma mais acentuada a partir das importações de abril, com os desembarques continuando a ser afetados não somente pelo efeito do isolamento social na demanda interna, como também pelo impacto de perda de renda sobre o consumo.

 

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